- Mestra em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública FIOCRUZ
- Profa. de Odontopediatria e Psicologia Aplicada na UFJF (MG)Maria Eugenia Tollendal
- Professora visitante UFJF coordenadora do Programa Prev-Ação
O hábito de sucção de chupeta por crianças de 3 a 7 anos, além de complicações de ordem estomatológica, carrega em si um complexo envolvimento psicológico e cultural. A abordagem e o método selecionado pelo cirurgião-dentista para eliminação deste hábito nocivo em seu paciente deverá levar em consideração estes diferentes aspectos, buscando, com isto, evitar transferências e, definitivamente, corrigir o vício.
INTRODUÇÃO
O exagerado uso da chupeta, extrapolando os limites toleráveis, leva a um evidente prejuízo físico e psíquico para a criança usuária. Este malefício é caracterizado não só pelas sequelas referentes à oclusão, como , especificamente, é grande o aumento do índice cariogênico, dos problemas periodontais, além dos aspectos psicológicos envolvidos.
As disparidades sócio-culturais do uso da chupeta, bem como suas similaridades, destacam-se no “animismo” e simbolismo que circunscrevem o próprio “ato cultural”em si.
O primitivismo deste simbolismo merece destaque no que tange à projeção e à contextualização do uso da chupeta no espectro sócio-cultural. O condicionamento ambiental e cultural deste uso pode conduzir a novos riuais substitutivos ao longo da vida, tanto em seus aspectos públicos quanto privados, ultrapassando as fronteiras disciplinares de investigação e reflexão teórico-prática. Além disso, há de se considerar a manipulação econômica em torno do produto, sugerindo recepções diferentes da população em torno de seu “merchandising”.
A pesquisa justificou-se pela sedimentação social de uma verdadeira “cultura da chupeta”, evidenciada pelos múltiplos traços culturais a serem pesquisados. Destacou-se também que o uso prolongado da chupeta acarreta evidentes prejuízos para a saúde psicofisiológica de seu usuário. Este prejuízo é caracterizado não só pelas sequelas ocluso-anátomo-fisiológicas, como as ligadas especificamente à saúde bucal (cárie, periodontopatias..), mas também às áreas emocionais e afetivas, quando a chupeta é usada como substitutivo vicioso das múltiplas carências afetivas e nutricionais.
A ausência quase total do tema na literatura (nesta abordagem holística) e o grande número de crianças portadoras deste vício, levam ao interesse pelo trabalho.
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